A regra introduzida em 1998 pela DFL (Deutsche Fussball Liga), ou seja, a entidade que comanda as duas primeiras divisões de futebol do país. É parte fundamental para compreender a estrutura dos clubes alemães e protege os clubes de avanços de investidores.
Por Guilherme Monteiro
Torcida
do VfB Stuttgart protesta com faixa: Não negociem! 50+1 fica! (Foto: Deutsche
Welle)
50+1 busca por uma equidade de
valores nas decisões dos clubes no país. O objetivo é que nenhuma empresa que
tenha interesse em investir num clube pode ter mais de 50% de seus membros tomando
decisões na associação. Ou seja, 51% das ações do clube estão nas mãos de
membros e conselheiros do próprio clube, os outros 49% poderão ter investimento
de capital de grandes magnatas, sejam dos próprios alemães, paquistaneses, ou
de qualquer país.
Exceções
à regra
Essas exceções são aplicadas
apenas quando o trabalho desta empresa está em vigor por mais de 20 anos e o
clube envia ao comitê da DFL um pedido de saída do regime. Hoje,
oficialmente Bayer Leverkusen, VfL Wolfsburg e TSG Hoffenheim são as
associações que fogem à regra. Em 1999, o Leverkusen, foi o primeiro clube
oficial a ser identificado atuando fora do regime, contudo, recebeu a devida
autorização, podendo disputar as competições da DFL sem nenhum impeditivo.
Em 2001, foi a vez do VfL Wolfsburg
com a Volkswagen de ter seu pedido aprovado pela comissão. Em 2015, Dietmar
Hopp, dono da SAP, empresa que controla 96% do Hoffenheim teve sua concessão
atendida pelos clubes.
RB
Leipzig
O RasenBallsport Leipzig, até
o que se sabe, atende os requisitos da DFL de controle geral do clube. Mas já
há discussões, se Hoffenheim, Wolfsburg e Leverkusen podem manter suas
atividades sob esse lado errado da regra, e se de fato, o RB Leipzig está em
acordo com a legislação, o que poderia fazer com que o Leipzig seja considerado
mais um Plastik Verein (nome dado
pelos torcedores alemães, aos clubes controlados por grandes empresas).
Hannover
96
No Hannover, o empresário
Martin Kind buscou em 2018 tentar burlar a regra, pois, havia atingido o prazo
mínimo de 20 anos sob gestão (ele começou a investir no clube em 1997) do
clube. No entanto, a DFL recusou, explicando que Kind não investiu o suficiente
para gerir o clube.
Fracassos
de tentativas do fim do 50+1
Ainda no Hannover 96, em
novembro de 2009, Kind tentou convencer os membros do conselho a flexibilizarem
a regra, para desta forma o empresário tomar total controle dos Die Roten (Os vermelhos, apelido do
clube). O pedido foi rejeitado por ampla maioria dos membros da DFL.
Críticas
a legislação
As principais são o avanço
financeiro dos clubes que não necessitam seguir a regra no exterior, como
também as disparidades de competitividade das equipes alemães no cenário
externo. Apenas o FC Bayern München consegue fazer frente a outros gigantes
europeus. As disparidades financeiras dentro da liga também irritam dirigentes
como Robert Schäfer, atual CEO do Hannover, clube de Kind. O fim da regra na
visão dos dois, é uma das formas de minar o domínio longo do Bayern no país. Com
maior financiamento, poderão contratar melhores jogadores, sendo assim,
competir melhor.
A
voz do povo
Emblema do 1860 München. (Foto: Wikipédia)
Os ultras (uma espécie de
torcida organizada dos clubes alemães) são totalmente contra o fim do 50+1. Com
engajamento dentro e fora dos clubes, os ultras, diferentemente no Brasil, tem
suas opiniões levadas em consideração de forma ativa. Até porque, além de
conselheiros, são quem mais movimentam as arquibancadas, seja de ajuda
econômica para o clube ou para a festa nos estádios. Segundo a visão dos
ultras, o risco de uma quebra do 50+1 na visão deles (ultras) é uma descaracterização
do clube que se acostumaram a viver e amar. Como exemplo, o 1860 München, é um
clube de cores branca e preta com um leão no centro do emblema. O medo reside,
na saída do Leão do emblema, tendo como mudança a implantação das cores laranja
e branco. Tudo por questões mercadológicas.
HDI-Arena,
estádio do Hannover 96. (Foto: Wikipedia)
Os naming rights (é quando uma empresa assume a gestão do estádio de
um clube) já são algo negativo visto pelos ultras. Torcedores do Hannover por
exemplo, chamam a conhecida HDI-Arena de Niedersachsenstadion
(Estádio da Baixa Saxônia, estado onde está localizado a cidade de Hannover).
Os próximos passos do 50+1
será definido no final do mês de outubro, onde o conselho da DFL irá se reunir
sobre a manutenção da regra.