Como a psicoterapia busca tratar e preservar a saúde mental
Por: Daniel Nóbrega - 5° período
Nos últimos anos, o tema da saúde mental tem sido amplamente discutido na mídia e nas redes sociais. Personalidades do mundo inteiro têm se manifestado abertamente sobre a depressão e o transtorno de ansiedade. Segundo a Organização Mundial da Saúde 5% dos adultos sofrem com depressão.
O Brasil, mesmo antes da pandemia, é o país com mais casos de transtorno de ansiedade no mundo e com maior incidência de depressão da América Latina, segundo a OMS. Em pesquisa feita pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, em 2020, o número de brasileiros com depressão quase dobrou por conta da quarentena, porém, a pesquisa apontou que pessoas que buscaram a psicoterapia pela internet tiveram índices menores de estresse e ansiedade.
Grande parte do tratamento e cuidado com a saúde mental é feito em sessões de terapia, mas parte da sociedade vê a psicoterapia com uma visão preconceituosa, associando a psicologia à loucura. O professor Alexandre Villalba, formado em psicologia, teologia e filosofia, diz que a psicologia nunca foi tão importante quanto hoje pelo momento que vivemos e acredita que o preconceito se dá pela ignorância das pessoas acerca deste trabalho.
“A psicologia tradicional quer tratar, de modo geral, os pacientes que adentram os consultórios de psicologia com alguma queixa, das mais simples às mais complexas como transtornos: depressão, ansiedade, borderline, esquizofrenia e por aí vai. O objetivo principal é responder a queixa que o paciente traz, minimizar o grau, ou até mesmo anular o grau de reclamação daquilo que o perturba, ou até mesmo ajudar esse paciente a encontrar os seus objetivos terapêuticos.”
O professor Alexandre Villalba acredita que a psicologia nunca foi tão importante quanto hoje. Foto: Arquivo Pessoal |
Para o estudante Marcos Medeiros, de 22 anos, a terapia, iniciada em 2016, foi fundamental para tratar a depressão e o transtorno de ansiedade generalizada, fazendo o tratamento de uma a duas vezes por semana. Marcos disse que a psicoterapia o ajudou a conviver melhor com si próprio e com as pessoas com quem convivia.
“Hoje em dia eu me sinto bem mais forte do que antigamente porque eu tratei e aprendi bastante coisa. A terapia sobre mim mesmo, sobre gatilhos que eu tinha e não sabia que tinha. Como lidar melhor com a minha ansiedade e a depressão. Lá eu recebi muito apoio. Me ajudou no meu social porque eu tinha fobia social e hoje sou um tagarela extrovertido que fala com todo mundo.”
Marcos Medeiros iniciou a terapia para tratar a depressão e a ansiedade. Foto: Arquivo pessoal |
O também estudante, Patrick Sugahara, de 21 anos, perdeu a mãe em 2015, e teve que amadurecer rápido para dar apoio ao pai, que tinha problemas com bebida e cigarro, mas em 30 de dezembro de 2018, o pai de Patrick faleceu de um ataque cardíaco.
“Estava me sentindo sozinho. Já tive a morte da minha mãe, mas me mantive forte pelo meu pai, então tive que amadurecer mais rápido. Depois do meu pai em 2018, eu desandei.”
Patrick Sugahara conta que sofreu com crises de ansiedade e ataques de pânico e teve problemas com bebida após a morte do pai. Depois dos anos de terapia e tratamento, Patrick se sente mentalmente mais saudável.
“Eu me sinto mais saudável; eu estava numa onda meio autodestrutiva, bebendo, fumando, saindo pra ‘rolê torto’, ‘rolê de virar a noite na rua’. Hoje eu estou mais tranquilo, sei onde gastar energia, sei onde gastar meus pensamentos, sei onde me expressar. Porque muitas dessas coisas são por falta de ter alguém que te escute.”
Patrick Sugahara, iniciou o tratamento psicológico depois de viver experiências traumáticas. Foto: Arquivo Pessoal |
Marcos e Patrick contam que tinham uma visão ruim sobre a psicoterapia antes do tratamento, assim como sofreram preconceito ao iniciarem o processo. Patrick se enxergava como maluco durante o início da terapêutica, assim como outras pessoas o diziam que era frescura e sua depressão uma fraqueza.
Marcos tinha medo de contar que fazia terapia por conta do julgamento das pessoas, mas depois passou a não ligar para o que os outros pensavam sobre ele,
“Eu acho que maluco é quem não faz terapia porque você não precisa estar com uma doença pra fazer terapia. Para ser sincero, só conversar com o psicólogo me ajudou mais do que a medicação que eu tomava” disse Marcos.
Marcos e Patrick reencontraram o equilíbrio psicológico com a terapia depois de enfrentarem a depressão e a ansiedade. Para eles, o tratamento foi fundamental e passaram a reconhecer que um terapeuta não busca tratar loucos, mas busca ajudar um paciente a reencontrar o equilíbrio e saúde emocional.
“Eu penso que nós, psicólogos, somos médicos da alma e em muitos casos fazemos cirurgia na alma, fazemos transplante. Então a importância é exatamente devolver à pessoa a sua sanidade, devolver sua qualidade de vida, sua saúde e equilíbrio psicológico”, disse o professor Alexandre Villalba.