Misoginia, preconceito de gênero, é o terceiro episódio de "Tá por fora!"
Por Vanessa Sabino
Preconceito, por que ainda temos? (Foto: Vanessa Sabino) |
Nesse terceiro episódio da série sobre preconceitos, abordaremos um em que as mulheres são as maiores vítimas: o de gênero, também conhecido como Misoginia.
O artigo 5º da nossa Constituição Federal garante a igualdade de gêneros, mas esse artigo tem sido pouco respeitado. O preconceito de gênero é expresso por situações sociais discriminatórias a pessoas de acordo com seu sexo, através de palavras, atos ou intenções.
Esse fato fica evidente, por exemplo, na distinção salarial entre homens e mulheres que exercem a mesma função numa empresa. Assédio, seja moral ou sexual, e piadas sexistas também são considerados preconceito de gênero.
O homem historicamente, é visto como o pilar central da estrutura familiar, enquanto a mulher é vista numa posição mais submissa.
Segundo a auriculoterapeuta Adeilza Cândido “muitos fatores favorecem essa desigualdade, infelizmente, ainda muito presente em nossa sociedade. A formação cultural do nosso país descende de um modelo patriarcal, onde toda autoridade era delegada ao homem. Também, de uma interpretação errônea nos segmentos religiosos, onde entende-se que o homem é superior a mulher, quando na verdade, ela deveria ser vista como ajudadora, cooperadora e companheira”.
Esse pensamento retrógrado ainda persiste atualmente. Ensinamentos passados de geração em geração contribuem para que ainda exista essa terrível diferenciação. O patriarcado é ensinado desde a infância, mesmo inconscientemente, por exemplo, ao presentear meninos com carrinhos e foguetes de brinquedo, bola e videogame, e meninas com bonecas, panelinhas e casinha.De acordo com o site Oxfam Brasil, a falta de representatividade nos espaços é um retrocesso que ameaça a conquista das mulheres.
Sobre as consequências que essas desigualdades trazem Adeilza Cândido no informou:
“A consequência mais predominante, em minha opinião, é a desvalorização do papel da mulher em qualquer atividade que ela possa exercer, seja na área profissional, na religiosa, política e no lar. Até porque, nos dias de hoje, há o preconceito também quando a mulher decide ser dona de casa, não exercer atividades profissionais fora do lar. E, muitas vezes, o preconceito vem de outras mulheres”.
Brenda Fernandes, de 29 anos, conta que quando tinha 19 anos trabalhou numa empresa onde era assediada constante pelo seu chefe, muito mais velho que ela:
“Na época, por ser muito nova, eu não sabia me impor, mas eu me sentia muito mal com aquilo. E não era só eu. Ele vivia ‘dando em cima’ de várias meninas novas também.”
A psicóloga Danielle Santos também revela que já passou por algo desse tipo:
“Quando estava fazendo meu curso de especialização, lembro que fui atender um paciente e ele preferiu ser atendido por um psicólogo (um homem), ao invés de mim. Na hora não me importei, porque ele apresentava traços de esquizofrenia”.
O preconceito também extrapola as agressões verbais. Como não citar o caso noticiado recentemente nos telejornais de uma funcionária da portaria de um prédio no bairro do Flamengo que foi covardemente agredida por um morador no dia 27/09/22? A moça já havia anteriormente prestado queixa de assédio contra um colega de trabalho no mesmo prédio. Segundo a funcionária, o morador não gostou da atitude dela por ter denunciado o assédio sofrido e intimidou a jovem dizendo palavras ofensivas, depreciando a porteira e depois a agrediu porque ela estava gravando o áudio do que estava sendo dito.
A mulher ainda afirmou que ao tentar prestar queixa em duas delegacias diferentes não recebeu o devido apoio dos policiais.
Esse é apenas um entre diversos casos de violência e preconceito de gênero.
Entre 19 de fevereiro a 02 de março de 2022, foi realizada uma pesquisa pelo Observatório FEBRABAN onde aponta que 40% das 3.000 mulheres entrevistadas no Brasil responderam que violência e assédio contra a mulher é o assunto que mais as preocupam.
Foto: Observatório FEBRABAN
Objetivo número 5 da ONU é alcançar a igualdade de gêneros e empoderar todas as mulheres e meninas, conforme sua “Agenda 2030”. O Grupo Mulheres do Brasil é um dos muitos grupos e instituições engajadas na luta pelas mulheres no país. Fontes: https://www.oxfam.org.br/blog/desigualdade-de-genero-causas-e-consequencias/ Igualdade de gênero e empoderamento das mulheres é o objetivo número 5 da ONU - Fundação Mudes |