Sobre Preconceito Racial
Por Vanessa Sabino- 2o. Período
Preconceito, por que ainda temos?. (Foto: Vanessa Sabino) |
Ultimamente, percebemos com mais frequência notícias relatando episódios preconceituosos: racismo, xenofobia, misoginia, homofobia entre outros. .
Embora não seja uma novidade, esse tema sempre surge causando indignação em grande parte da sociedade, pois, apesar de séculos de existência humana, evoluções técnicas e culturais, esse pré-julgamento acontece. Ainda há essa aversão ao diferente, ao desconhecido.
Por essa razão, o Jornal “No Muro” traz uma série de matérias, abordando esse assunto que ocorre em diversos grupos sociais, fomentando reflexãosobre esse tema.
Diante dos dois episódios de racismo sofridos recentemente pelo jogador de futebol Vinícius Junior, do clube Real Madrid, da polêmica causada pelo fato de uma atriz negra, Halle Beiley, interpretar a personagem Ariel (A Pequena Sereia) nos cinemas, as diversas situações de preconceito sofridas por profissionais da saúde, entre tantos outros casos, a primeira questão a ser tratada nesse artigo é sobre PRECONCEITO RACIAL.
Segundo consta no dicionário, uma das definições de preconceito é: juízo de valor preconcebido sobre algo ou sobre alguém que se pauta em uma opinião construída sem fundamento, conhecimento nem reflexão; prejulgamento.
Preconceito racial ocorre quando pessoas de uma raça ou etnia julgam ser melhores ou superiores que as de outras, baseados somente na cor de sua pele ou traços étnicos. Na maioria das vezes, esse julgamento é carregado de ofensas e xingamentos, como foi o caso do jogador Vinícius Júnior, que foi criticado por um agente num programa de TV espanhol por sua dança em comemoração a seus gols, sendo chamado de “macaco”. Após 3 dias desse fato, torcedores do clube Atlético de Madrid entoaram cânticos racistas contra o jogador.
Outro caso que repercutiu bastante nas mídias foi sobre os filhos do casal de atores Giovanna Ewbank e Bruno Gagliasso. As crianças foram insultadas num restaurante em Portugal, por conta da cor de suas peles.
A divulgação do trailer do filme da Disney - A Pequena Sereia - também causou burburinho. Houve quem apoiasse a mudança de etnia da personagem principal, que na clássica animação de 1989, era ruiva e de pele clara, para negra no live action que será lançado em maio de 2023. Mas houve inúmeras opiniões contrárias a essa mudança, preferindo que se mantivessem as características principais da personagem da antiga animação, o que contribuiu para muitos “deslikes” no trailer do filme e comentários maldosos sobre a atriz.
Há tantos outros casos que acontecem diariamente que não vêm à tona, como, por exemplo, o que conta a auxiliar de enfermagem Jaqueline Andrade da Cruz. Ela relatouque já houve diversos casos em que foi vítima de preconceito. Um deles foi quando uma paciente com mais de 60 anos que estaria sob seus cuidados em uma casa de repouso para idosos gritou xingamentos e insultos racistas direcionados à profissional e exigiu que Jaqueline não a tocasse porque era negra e tentou agredir fisicamente seu colega de profissão que também era negro. A auxiliar afirma que foi uma situação muito ruim e que se sentiu muito indignada e impotente, pois “refere ao empregador ouvir esse tipo de história, raros são os que vão tomar sua causa, porque pra eles é mais importante o custo que o paciente está pagando ali. Então ele vai preferir trocar o técnico (de enfermagem) e o enfermeiro que estão assistindo aquele paciente do que, de fato, tomar um posicionamento contra aquela agressão que a gente está passando. E isso é muito doloroso. E isso (o racismo) acontece muito”, relata a profissional.
Segundo o censo do IBGE de 2022, 56,1% dos brasileiros se autodeclarou preto ou pardo no ano de 2021, um aumento em relação ao ano de 2012, quando essa porcentagem era de 53%. De acordo com a historiadora e guia de turismo, Luana de Oliveira Ferreira, em entrevista ao G1, esse aumento é devido ao investimento em política pública, ações de afirmação de reparação e educação, além de discussões sobre o tema em sala de aula.
Com tantas pessoas negras no Brasil, e no mundo, o preconceito ainda ocorre nos dias de hoje.
De acordo com a psicóloga Danielle Santos de Azevedo, especialista em Gestalt Terapia, “preconceito não é inato, é aprendido através do processo de socialização. Na base do preconceito estão os estereótipos, que são crenças que atribuímos a uma pessoa ou grupo. O cérebro humano tende a trabalhar com a lei do menor esforço, por isso simplifica sua visão do mundo através dos estereótipos”. E continua: “O preconceito é permeado por um sentimento agressivo voltado a uma pessoa ou grupo com base nas crenças negativas. Existe um experimento conhecido como Olhos Azuis, da professora Jane Elliot, que ilustra bem como o preconceito pode ser aprendido e despertado influenciando o comportamento humano”. Ela afirma que o preconceito racial está entranhado nas relações sociais e que é sustentado por muitas variáveis, como conflitos sociais, políticos e culturais, a aprendizagem de normas sociais rígidas e a tendência de conformar-se com a situação e padrões pré-estabelecidos.
Questionada se seria possível o preconceito chegar ao fim, a psicóloga responde: “Acredito que se é possível repassar e ensinar crenças e sentimentos negativos, o oposto também é possível. E isso deve ser uma construção coletiva, não só a partir de atitudes individuais, mas também por meio de políticas públicas”.
Fontes de Pesquisa:
https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/preconceito.htm
21/09/22 10:10h
Total de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas cresce no Brasil, diz IBGE | Jornal Nacional | G1 (globo.com) 21/09/22 10:06h