AÇÕES BENEFICENTES: TRANSFORMANDO VIDAS E ACOLHENDO FAMÍLIAS

Pessoas com deficiência conseguem uma maior qualidade de vida a partir de programas sociais


Por Vitória Castelo Branco - 3º período e Rodrigo Lucas - 6° período


Os irmãos Pedro Felipe de Brito Ferreira (9) e Ana Débora de Brito Ferreira (16) contam com o apoio da mãe, Patrícia Cristina Ferreira


“Entender que o meu filho tinha um problema, entender que não era anormal. Meu filho é uma criança normal, só que com dificuldades de fala”. Esse é o depoimento de Patrícia Cristina Ferreira, mãe de Pedro Felipe de Brito Ferreira (9), diagnosticado com autismo. Patricia também é mãe de Ana Débora de Brito Ferreira (16), com déficit de atenção. O acesso à capacitação da família e a compreensão sobre as particularidades dos filhos foram essenciais para poder lidar adequadamente com as necessidades deles.


A Sociedade Beneficente de Anchieta, também conhecida pela abreviação SBA, é uma organização não governamental que fica localizada no bairro de Anchieta, na Zona Norte do Rio de Janeiro, e atende a crianças e adolescentes com deficiências de forma gratuita.


A partir do momento que eles começaram a frequentar esta instituição, os irmãos transformaram a rotina da família e esses aprendizados precisam ser aplicados no dia a dia da família para que produzam resultados. Isso é exteriorizado na mudança de postura, no exercício da paciência e do diálogo com as pessoas com deficiência.


“Foi importante para entender o que tinha de errado com ele, pra eu poder [entender] o que eu podia fazer para ajudar. Pra mim, foi muito bom pra isso. Entender que o meu filho tinha um problema, entender que não era anormal. Se fosse antigamente já diziam logo que era anormal, né. Meu filho não é anormal. Ele é uma criança normal, só que com dificuldades de fala. Só isso. Apronta como qualquer criança, faz malcriação como qualquer criança, é rebelde como qualquer criança, quer as coisas na hora como qualquer criança, faz bagunça...”, acrescentou Patrícia.


Tanto as organizações quanto as famílias estão empenhadas e comprometidas com a capacitação das suas crianças e jovens, visando mais qualidade de vida e preparando-os para um futuro com mais autonomia e independência.


Isso é trabalhado na adoção de ações sociais que visam:
  • O desenvolvimento dos assistidos, como as oficinas de socialização, de comunicação, do movimento e as escolas de pais;
  • As atividades de acolhimento direcionadas para toda a família como os passeios de caráter cultural e de lazer, palestras e ações de datas comemorativas;
  • Os projetos de assistência social normalmente são mantidos pela captação de recursos como as doações de cestas básicas e o apoio de parceiros que contribuem com exames médicos, odontológicos, entre outros.
“É o deficiente que convive com outro deficiente para ele poder ter força para na sociedade, estar mais capacitado”, afirma Marta Barbosa, assistente social da Sociedade Beneficente de Anchieta.


Cássia Cristina Maciel dos Santos, de 37 anos, foi diagnosticada com autismo em uma época que não havia muita informação sobre a patologia


Lina dos Santos Maciel, de 82 anos, não mediu esforços para auxiliar a filha Cássia Cristina Maciel dos Santos, em uma época em que o autismo ainda era tratado de forma estereotipada, não havendo tantas informações sobre a patologia. A partir do compromisso com a reabilitação da jovem, ela observou a crescente evolução de Cássia. “Essa minha busca por informação e participação ativa possibilitou que eu entendesse melhor as particularidades das pessoas com espectro autista”, diz Lina.


Esse comprometimento é reconhecido pela equipe que atende Cássia. “No caso da Dona Lina, ela fez um estudo. É uma mulher à frente do seu tempo. Ela pesquisava sobre o assunto quando autismo não era nem muito discutido", contou Marta.


Embora o ideal seria ser acompanhada por uma organização especializada no desenvolvimento de deficientes maiores de idade, ela faz parte do acolhimento prestado aos adultos, com o objetivo de não interromper o processo. Para Lina, a fundação proporciona a oportunidade de prosseguir com o tratamento da filha, pois existe uma dificuldade para encontrar disponibilidade em outros locais que poderiam atender mais adequadamente às demandas próprias da idade.


“Se a Cássia estivesse em uma instituição para maiores de idade, ela estaria desenvolvendo um outro potencial. Ela já deveria estar falando de outros assuntos como vida, sexualidade, o que não é tocado aqui. Então ela fica em uma defasagem, mas essa coletividade, esse espírito de pertencimento fica com a família.”, explicou Marta.


“Até porque você não encontra uma instituição que possa acolher pessoas com necessidade. Onde tem, geralmente dizem que não pode mais”, complementou Lina.




Luiz Fernando França de Melo tem 7 anos e foi diagnosticado há 6 anos com microcefalia e encefalopatia crônica, também conhecida como paralisia cerebral

Estar inserido em uma organização que ofereça toda a ferramenta necessária para o desenvolvimento do deficiente é importante e um papel social. Vanessa Rosa de França estava muito preocupada e assustada com o prognóstico médico que não dava muitas esperanças quanto a condição do filho Luiz Fernando França de Melo, diagnosticado com paralisia cerebral.


“Eu ainda estava, vamos dizer, assustada porque na minha família nunca teve uma criança com deficiência. Então, eu fui a primeira. A forma que os médicos chegavam até mim pra dar o diagnóstico dele, falavam até pra mim que ele iria ser cadeirante. E aí, eu vim de um lugar, de fisioterapia, que me indicou a SBA. Aqui eu fui super acolhida, tanto ele como eu, porque aqui apoia a família [...] Ele não socializava, ficava muito retraído. Hoje ele socializa muito bem, fala, anda, corre até aqui na instituição.”, comentou Vanessa.

As crianças e jovens atendidos por instituições que atendam a área social possuem a oportunidade de evoluir em diversas áreas devido ao constante empenho para amparar e acolher essas famílias. Essa trajetória impacta positivamente na habilitação, reabilitação e inclusão de deficientes físicos e mentais na sociedade.

Postar um comentário

Postagem Anterior Próxima Postagem