O preço alto dos ingressos e o deslocamento continuam sendo os maiores empecilhos
Por João Gimene e Jéssica Almeida
Ana Luíza fala sobre o acesso à cultura. Foto: Ana Luiza |
Após dois anos de pandemia da COVID-19, no Brasil, a população brasileira demonstra que se interessa muito em consumir cultura pelas cidades, desde que se tenha um preço acessível e justo para o bolso das pessoas. Um exemplo disso foi a boa aceitação da campanha da ‘Semana do Cinema’.
Pesquisa feita pela ANCINE sobre os resultados do cinema brasileiro, atualizada em 26 de setembro, mostra o aumento de pessoas nas salas de cinemas ao redor do Brasil. Até o momento, 69.235.620 milhões de pessoas já foram ao cinema, enquanto no ano passado tivemos 52.611.581 milhões.
Mesmo tendo um número maior de assíduos ao cinema esse ano, ainda assim, esse meio cultural e as demais formas de consumir cultura, continuam não sendo acessíveis a todos. Para a estudante de 21 anos, Ana Luísa, isso ainda é uma questão: “ Não é justo, entretanto, que com a normalização dos acessos, o preço continue tão alto. Isso apenas impede que a cultura se torne acessível para quem a produz, ou seja, o povo.”.
Outro ponto importante a ser discutido, é a respeito da localização dos meios culturais, já que muitos não conseguem ter acesso a eventos desse tipo devido ao local em que eles ocorrem. Ao ser questionada sobre a acessibilidade desses meios, Ana Luísa afirma: “O cinema era um dos poucos espaços culturais ao qual eu tinha acesso, tanto financeiramente quanto geograficamente. Afinal, teatros e concertos, que são importantes perpetuadores da cultura como o cinema, se concentram na Zona Sul da cidade e eu vivo na Zona Norte.”.
A alta nos valores do meio cultural afetou, também, famílias que gostariam de criar seus filhos nesse ambiente. Ao conversar com Thaís, mãe de dois filhos, um de 11 anos e outro de 7, ela diz: “Em vários momentos eu e minha família deixamos de ir em exposições devido aos preços inacessíveis.”.
O setor cultural foi um dos que mais sofreram com o aumento dos preços, seja os livros, cinemas, exposições e teatros, todos eles acabaram por se tornarem inacessíveis para a maior parte da população. A distância também torna maior o problema. Como pontuado acima, grande parte dos eventos culturais ocorrem apenas nas regiões mais elitizadas da cidade, não dando oportunidade para os que moram mais distante de consumirem.