A falta do hábito de reciclar gera preocupações com o futuro do meio ambiente
Por Victor Coelho - 1º período
A Semana do Meio Ambiente é comemorada na primeira semana do mês de junho, sendo o dia 5, o Dia Mundial do Meio Ambiente. Um dos principais objetivos dessa data é alertar e conscientizar a população sobre a preservação dos recursos naturais.
Um dos desafios contemporâneos, com toda a produção de lixo, é fazer com que esses resíduos sólidos possam ser encaminhados para reciclagem. O ator de teatro Eric Araújo separa os lixos desde que tinha 20 anos de idade. Nos prédios e apartamentos em que ele passou, levou o hábito de deixar os materiais em lugares específicos. Na época da pandemia ele decidiu usar as redes sociais para incentivar a separação e usou uma fita verde para identificar que naquele saco havia materiais para reciclagem.
‘’Foi bem no início da pandemia, e isso deu uma repercussão legal, algumas pessoas começaram a fazer, um jornalista da cidade me ajudou a compartilhar, mas infelizmente não foi pra frente, as pessoas ainda tem essa dificuldade de separar o lixo e não percebem que é importante. Porque eu penso que a necessidade de separar é muito grande, as pessoas separando o lixo, deixando lá no latão mesmo que seja o lixo úmido e o lixo orgânico misturado em outra sacola, estando alí somente o lixo reciclável, poxa, facilita muito para o catador porque eles sempre passam antes dos garis passarem.’’, declarou Eric.
Eric Araújo se preocupa com o descarte do lixo e é um incentivador da coleta seletiva. (Imagem: Arquivo Pessoal) |
A coleta seletiva é uma forma eficiente de fazer com que o lixo vá diretamente para a reciclagem, evitando que seja descartado em ambientes naturais e contribui para a melhoria na qualidade da água, do solo e do ar. Além da redução da propagação de diversas doenças. E por fim provoca a redução dos impactos ambientais, ajudando assim na preservação do meio ambiente.
Na cidade do Rio de Janeiro, a Companhia Municipal de Limpeza Urbana (COMLURB) realiza coleta seletiva em 122 bairros da cidade. De zona sul a zona norte, passando pela zona oeste, o caminhão especial faz o recolhimento do que já é separado pela população, são quase 18 mil toneladas de material que volta para a sociedade.
Para o engenheiro civil e ambiental, Júlio César da Silva, as pessoas devem ter uma responsabilidade sócio-ambiental. Para o engenheiro, todas as ações do cotidiano vão interferir no meio ambiente, por isso cada um deve minimizar os impactos negativos. “Eu vejo que a sustentabilidade é uma forma de ajudar a mudar esse cenário e dentro dos 8 R’s da sustentabilidade, a reciclagem é um ato possível para cada um fazer”, afirma Júlio.
Júlio César da Silva aponta que cada um é responsável pela preservação do meio ambiente. Foto: Arquivo Pessoal |
O aposentado, Marilto Barreto, começou a fazer a parte dele em 2019 e desde então não parou mais. Ele já sabe os dias e horários que a coleta seletiva passa no condomínio onde mora, no bairro de Vista Alegre, subúrbio do Rio de Janeiro. Por isso, o hábito de separar os vidros, garrafas, papéis e embalagens do que é consumido por ele e a esposa já estão na rotina da família. “Eu deixo uma sacola para o lixo comum e uma pendurada na escada só para a reciclagem. Já estou no automático, faço isso todos os dias”, afirma o aposentado.
A conscientização gera ação. O trabalho educativo com crianças é um bom começo para criar o hábito. Bento Tavares, de cinco anos, participou de palestras e ações sobre conscientização ambiental com o projeto A Voz dos Oceanos, na escola Espaço de Desenvolvimento Infantil Gabriela Mistral, na Urca, zona sul do Rio de Janeiro. Depois dessas atividades o menino passou a falar para o pai que não pode jogar lixo na praia e nem na rua. “O Bento não pode ver ninguém jogando lixo no chão, ele diz, papai, que pessoa porca, não pode fazer isso”, diz Eduardo Tavares, pai do menino e orgulhoso pela ação do filho.
Alunos do Espaço de Desenvolvimento Infantil Gabriela Mistral em uma ação de recolhimento de lixo na praia da Urca. Foto: Cecilia Acioli |
Eric, o ator que abriu nossa reportagem, também trabalha com teatro educativo e afirma que o ambiente escolar é muito bom para apresentar a ideia de reciclar:
‘’A gente sempre leva para as crianças esse tipo de recado, de que a reciclagem vale a pena, de que a separação do lixo vale a pena até porque as próximas gerações vão precisar respirar muito mais do que hoje a gente respira porque o ar vai estar cada vez mais poluído, as águas cada vez mais contaminadas, então a gente precisa sim separar’’, disse o ator, enquanto afirma que é uma questão de mudança cultural que precisa acontecer.