COM O FIM DA COP26, BRASIL PROMETE À ONU NÃO SER MAIS “VILÃO AMBIENTAL”

País pretende diminuir 50% da emissão de carbono e zerar desmatamento ilegal até 2030

Por Lucas Munford (5º período)

Durante a semana da 26ª Conferência das Nações Unidas Sobre as Mudanças Climáticas (COP26), em Glasgow, Escócia, o ministro do Meio Ambiente Joaquim Leite e demais participantes da comitiva brasileira apresentaram as novas metas para redução da emissão do gás carbônico em 50% e de acabar com o desmatamento ilegal até 2030.

Outro objetivo apresentado pelos representantes do Brasil é de neutralizar completamente a emissão de carbono até 2050. Segundo o ministro, esses são os projetos "mais ambiciosos" já apresentados pelo Brasil na conferência desde sua criação em Paris, no ano de 2015.

A meta para controle do desmatamento entrará em vigor a partir de 2022 e terá as seguintes fases: 

1- Redução de 15% ao ano até 2024;

2- Redução de 40% ao ano em 2025 e em 2026; 

3- Redução de 50% em 2027; 

4- Zerar o desmatamento ilegal em 2028.


Também demonstraram preocupação com o meio ambiente China e EUA, que anunciaram um plano conjunto para corte de emissões de gases do efeito estufa. Outros 100 países se comprometeram a reduzir 30% da emissão do gás metano até 2030. O gás é responsável por 30% do aquecimento global.

 

Brasil e o meio ambiente 

A Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) surgiu no Brasil somente em 1981, cerca de 10 anos depois dos países desenvolvidos do continente Europeu e dos EUA já terem suas respectivas leis protetivas. Um tanto atrasado se pensarmos que o Brasil possui a 2º maior área de florestas do mundo.

Apenas na década de 90, com a Rio-92, também chamada de “Cúpula da Terra”, o Brasil realmente começou a controlar melhor fatores como desmatamento e gases do efeito estufa. Recentemente o jornal “The Washington Post”, Dos Estados Unidos, publicou uma matéria se referindo ao Brasil como “antagonista do clima”:

“O Brasil, que já foi campeão do ambientalismo, enfrenta um novo papel como antagonista do clima” (foto: The Washington Post - reprodução)


Onde há fumaça, há fogo

Na contramão das promessas do ministro Joaquim Leite, a produção dos gases-estufa aumentou em 9,5% durante o período pandêmico no Brasil, além da devastação na Amazônia ser a maior no período de um mês desde 2012, segundo dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases do Efeito Estufa (SEEG) e do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAG).

Outro ponto é que, segundo um estudo publicado na revista Nature, a floresta amazônica já emite mais gás carbônico do que é capaz de reter, cerca de 0,29 bilhão de toneladas por ano, gerando sérias complicações biológicas para o mundo. Para Artur Felipe do Nascimento, Engenheiro e Consultor Ambiental,  há sérios agravamentos ambientais causados pelo Brasil. Para o ambientalista, as metas estabelecidas pela delegação brasileira não são o suficiente para fazer a situação ser revertida.


Artur Felipe avalia zona ecológica -  foto: arquivo pessoal

“A apresentação de metas mais impactantes tem o objetivo de convencer os demais países que o Brasil tem mudado a postura a respeito da preservação do meio ambiente, já que a imagem externa do governo Bolsonaro é vista de forma negativa pelas nações desenvolvidas. Ainda sobre a meta, baseado nos dados do Observatório do Clima, entendo que os números apresentados são insuficientes, porém esse ponto negativo não é exclusivo do Brasil, outras nações também continuam apresentando metas paliativas ano após ano”, afirmou Artur.

O engenheiro também sinalizou que a “culpa” da má preservação não é apenas do governo federal, também os governos estaduais e municipais possuem suas respectivas parcelas da conta. 

De forma geral, o Brasil indubitavelmente não tem a cultura da preservação ambiental e isso é culpa de todos os Governos constituídos, do Federal, passando pelo Estadual e principalmente o Municipal, pois se pararmos para pensar, é na cidade que tudo acontece.”, finalizou.

Os países desenvolvidos como EUA, Inglaterra, França e Japão assinaram o Acordo de Paris em 2015, com a promessa de doar U$ 100 bilhões para as nações ainda em desenvolvimento a fim de controlarem suas emissões de Co2, valor até hoje não pago.  

Segundo Joaquim Leite, ministro do Meio Ambiente, são necessários volumes “mais ambiciosos” do que os US$ 100 bilhões prometidos, além de rápida execução, para que a transformação ocorra de forma direta em cada território do mundo. O ministro argumentou em seu discurso na COP26 que os países doadores não podem continuar a “postergar ainda mais um compromisso assumido em 2015 até o momento não realizado em sua plenitude”, afirmou.

Contudo, a busca brasileira pela conciliação e não acusação demonstra um novo marco: o Brasil busca por flexibilização e aceitação das delegações estrangeiras, movidos pela mídia internacional, conforme afirma Rafael Diniz, internacionalista formado pela USP.


Rafael analisa imagem brasileira vista no exterior - foto: arquivo pessoal

“A postura do governo brasileiro na COP26 marca uma tentativa de mudar a imagem do Brasil. Agora  o país aparece com uma postura mais conciliadora e menos agressiva. No entanto isso não significa que as políticas ambientais serão diferente de como eram.”

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