O VASCO VAI ACABAR ?

A situação do Vasco hoje está cada vez mais incerta e tumultuada, porém o clube e os seus torcedores esperam viver dias melhores

 

Por Rafael Bahia e Rodrigo Lucas

 

Estádio Vasco da Gama, nome oficial do estádio de São Januário já foi palco de momentos históricos da história brasileira. Sediou desfiles de escolas de samba do carnaval no ano de 1945 e discursos do então presidente Getúlio Vargas no 1º de Maio – Dia do Trabalho, com cerca de 40 mil presentes, em 1940. Esses fatos ajudaram a criar uma relação simbiótica da torcida com o Vasco da Gama. O estádio que para os torcedores do clube, é chamado afetuosamente de “templo” preserva uma história belíssima de um passado de glória e resistência.

 

Estádio Vasco da Gama, também conhecido como São Januário – Foto: Daniel Castelo Branco

 

O time da Cruz de Malta foi primordial na inserção de negros no futebol, em uma época que a segregação social e racial era extremamente aflorada. O futebol em si, era um esporte reservado para as elites em geral, entretanto o clube cruzmaltino tinha um time formado por trabalhadores - negros e brancos, jogando lado-a-lado. Naquele ano de 1923, sagrou-se campeão com os chamados “camisas negras” (relação direta ao uniforme), porém os clubes da elite carioca, ressentidos, instituíram a chamada (AMEA) - Associação Metropolitana de Esportes Atléticos, no ano de 1924. A justificativa para a criação? Forçar a expulsão de negros do Vasco da Gama.

 

Entretanto, visando proteger e apoiar seus jogadores, a direção do clube se negou a participar da Liga com suas cláusulas abusivas e discriminatórias. Até que, devido à pressão e apoio da torcida vascaína, o clube foi aceito pela AMEA no ano de 1927, e inaugurou o que seria o maior estádio de futebol do país até então, o Estádio de São Januário. Todavia, a atual situação do clube se encontra em choque com a imponência do antigo pendão cruzmaltino. Desde a morte do antigo presidente do clube, Eurico Miranda, a instituição encontra dificuldades até mesmo para promover a eleição do próximo dirigente. No ano passado, durante a eleição para presidente, houve xingamentos, suspeita de fraude, boca de urna e agressões.

 

Eurico Miranda apontado como um dos culpados pela situação atual do clube – Foto: Marcelo Sadio/CRVG

 

O resultado das urnas, que até dado momento, mostravam que o possível futuro comandante da nau vascaína seria Leven Siano, com mais votos do que os outros quatro candidatos, foi curiosamente alterado. O pleito acabou sendo vencido por Alexandre Campelo. Apesar de recursos no STJ, Campelo se manteve vencedor e chegou a caçoar das chapas rivais no apagar as luzes de São Januário onde a Assembleia Geral contabilizava os votos.


Nem Alexandre Campello escapou das confusões eleitorais, sua vitória também foi questionada, assim como sua gestão – Foto: Rafael Ribeiro/Vasco

 

Atualmente, o centenário clube sofre com o rebaixamento para Série B, e teve seus bens bloqueados e contabilizados em cerca de R$ 93 milhões, pelo Tribunal Regional do Trabalho em primeira instância devido a dívidas em geral. O clube, que foi fundado por operários, demitiu 50 funcionários durante o início da pandemia e suspendeu o contrato de 250 trabalhadores. Além disso, em decisão judicial de 2019, o clube deveria segundo o Ato Trabalhista pagar mensalmente R$ 2 milhões mensais aos seus ex-funcionários, mas cumpriu a decisão. Apesar do colapso, o clube, através de nota oficial, se pronunciou informando que vai recorrer da decisão e que confia que ela será suspensa e reformada em breve.

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