Até logo, Xexéo!

Foto: Divulgação Internet


Por Fernanda Frantz 

O quase engenheiro, Artur Oscar Moreira Xexéo, era o jornalista que iniciou carreira como estagiário do Jornal do Brasil, em 1975 e, dez anos  depois, voltou à equipe para atuar como subeditor de cultura. Na década de 90 já era colunista do jornal O Globo. Sua competência e experiência nas diversas editorias de jornais também obteve notável relevância ao escrever em revistas tais como Veja e Isto é. Atraiu fãs interagindo no Blog do Xexéu.

“Tudo que eu faço, o que eu edito, o que eu escrevo, é em nome do leitor”.

Artur Xexéu – revista Veja.

Xexéo era o tipo de comunicólogo cultural que “aproveitava a quarentena”, como dizia em sua rede social, para revisitar obras clássicas do cinema e da literatura podendo, assim, incentivar seus seguidores a falar sobre cultura.  Especializado jornalismo cultural e sociedade já era, semanalmente aguardado, enquanto compunha matérias para a CBN, como o ‘Conversa de Primeira”, tratando desde a Lei Rouanet até a CPI da Covid 19. Foi nessa página que ele homenageou um dos profissionais que mais o inspirou na carreira, Zuenir ventura, que completou 90 anos, dia 1º deste mês.   

O colunista também era escritor. Discorreu páginas sobre o entretenimento que resultou nos livros “Jane Clair - A usineira dos sonhos” e “Hebe: A Biografia”. Defendeu o jornalismo, compondo ao lado de Carlos Heitor Cony e Heródoto Barbeiro, ”Liberdade de Expressão – (Futura, 2003)”.

Constava, nas salas de aula do ensino médio e nas referências universitárias, diversas crônicas do Baú do Xexéo, Coluna da Revista O Globo, eram apontadas para as aulas de linguagem, códigos e tecnologias de comunicação e redação.

Seu talento como tradutor fez, que nos palcos brasileiros, fosse encenado “Xanadu” – dirigido por Miguel Falabella, com quem também tinha um projeto de filme sobre Bibi Ferreira e já desfrutara direção no filme sobre a vida da apresentadora Hebe Camargo. Em 2016, com elenco formado apenas por atores negros, "Love Story, o musical", direção de Tadeu Aguiar. Ainda na dramaturgia e com o mesmo diretor, compôs os musicais de sucesso "Cartola - o mundo é um moinho" e “Minha Vida Daria Um Bolero”.

“... Eu perdi meu companheiro na acepção da palavra. E minha vida, como a conheço, agora se foi...”, declarou Paulo Severo – revista Quem-, companheiro do jornalista há trinta anos.

Ele estava pronto para escrever e viver o “novo normal” quando, desventuradamente, um câncer de evolução agressiva tipo linfoma não-Hodgkin de células T, abreviou a despedida do torcedor do fluminense para duas semanas, após a descoberta, processo de tratamento e uma parada cardiorrespiratória, neste domingo, dia 27. Artur estava internado na Clínica São Vicente, Gávea, e nos deixou aos 69 anos.

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