REPRESENTATIVIDADE NEGRA NA EDUCAÇÃO

Projetos educacionais no Brasil auxiliam jovens para maior reconhecimento e valorização de suas origens

Por: Guilherme Monteiro - 4º período



Professor Lucas Nogueira e aluno integrante do projeto O Teatro dos Invisíveis. Foto: Arquivo Pessoal/Lucas Nogueira
 
Segundo o Censo Escolar de 2020, feito pelo Inep, os negros são a maioria nas escolas, alcançando uma média de matrículas da creche até o ensino médio de 52,2% de alunos. Entretanto, ao longo dos anos que passam nos bancos escolares, muito do que aprendem não representa outros lados da história, ou seja, desmitificar o negro escravo e apresentar positivamente a cultura negra. Projetos como o Teatro dos Invisíveis e o Clube Sankofa vem procurando mudar essa realidade.



Os Dragões do Mar, peça teatral organizada pelo professor Lucas Nogueira. Foto: Arquivo Pessoal


O projeto Teatro dos Invisíveis, organizado pelo professor Lucas Nogueira, em uma escola estadual da Bahia, tem o objetivo de abordar vidas negras a partir de elementos culturais brasileiros, como o samba e o teatro, gerando uma crítica do que é visto no estudo da História do Brasil. Os personagens são diversos, desde ícones abolicionistas como: Luiz Gama e Francisco da Matilde até mulheres de luta, como: Luisa Mahin. 


O projeto surgiu inspirado no samba enredo do carnaval do Rio em 2019, e usou o teatro como outra base para realizar o trabalho. A partir daí houve uma seleção de temas relacionados à população negra brasileira desde a época do Brasil Colônia até a primeira república (1500 a 1889). “Os alunos realizavam pesquisas pela internet e a partir dos resultados se juntavam comigo para refletir sobre o resultado. E eu os ajudava a identificar e explicar quem eram as pessoas inseridas naquele lugar, pois eles eram pouco conhecidos pela maioria dos estudantes”, conta o historiador Lucas Nogueira. 


“Além de consciência do conteúdo histórico, eles reconhecem símbolos de luta que são referências para eles no futuro”. Lucas Nogueira


A roteirista da peça, do projeto Teatro dos Invisíveis, Mailane Sales define fazer parte do teatro como uma experiência “extraordinária”. A aluna compreende que é muito diferente estudar o conteúdo pedagógico sobre história do que vivenciar a narrativa. “A peça é uma parte fundamental para aproximar a realidade dos nossos ancestrais com a realidade, além de transmitir uma mensagem de luta pela liberdade de seu povo”, afirma a estudante. 



Thaysa Santos idealizadora do projeto Clube Sankofa promove lives para discutir temas ligados à cultura negra. Foto: @clube_sankofa

Outro projeto importante é o Clube Sankofa, um clube de leitura negro onde o objeto estudado são sempre autores negros. A idealizadora, a cientista social Thaysa Santos, sempre teve o desejo de ter uma biblioteca e o Sankofa ajuda nos sonhos dela e nos de tantos outros.


Através de lives, Thaysa faz entrevistas, busca trocar conhecimento e inspirar novos leitores e escritores negros pelo Rio. Durante o ano, o Sankofa realiza ações sociais visando expandir a leitura de autores negros. “Em outubro e dezembro fazemos ações para ajudar as crianças, por conta do dia das crianças e do Natal, e também o Dia da Consciência Negra”,  informa a cientista.


Aos poucos, o projeto vai ganhando maior dimensão, chegando a escolas, como atualmente no CIEP 397 Paulo Pontes, em São João de Meriti, auxiliando mais de 180 crianças, uma forma de ter representatividade de autores e a cultura negra.



Educação Negra no Brasil 

No Brasil, há a obrigação do ensino de História e Cultura Afro-Brasileira através da lei nº 10639, de 9 de Janeiro de 2003. A falta de preparo dos professores e das escolas, geram um desleixo na aplicação de conteúdo negro nas escolas. No ensino médio, os negros e pardos superam a marca de 54% de matrículas de acordo com o Censo Escolar de 2020 feito pelo INEP. “Infelizmente, a maioria das escolas restringe a valorização do estudo negro somente ao dia 20 de novembro”, finaliza Lucas Nogueira. 



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